003/2014 - 41ª Reunião Ordinária do
Conselho Municipal de Meio Ambiente - CMMA
Biênio 2012/2014
Aos vinte e cinco dias do mês de fevereiro de dois
mil e quatorze, reuniram-se na Sala do Pregão Municipal, localizada a Praça
Raul Gomes de Abreu, n° 200, 2°andar, Centro/Piedade, às dezenove horas,
os representantes do Conselho Municipal de Meio Ambiente para a realização
da 41ª reunião ordinária, tendo como pauta os seguintes assuntos: discussão
sobre o edital e divulgação do processo eleitoral para recomposição da
representação da sociedade civil no CMMA; leitura da carta do CEADEC ao CMMA; análise
do regimento interno do CMMA e questões administrativas; discussão e
atualização sobre o caso da Mineradora APS.
Inicialmente, a presidente apresentou a
prestação de contas relativas à sua participação na 4ͣ Conferência de Meio
Ambiente do Estado de São Paulo, realizada em outubro de 2013. Para as despesas
com alimentação e transporte, comprovadas em documentação entregue à Prefeitura
Municipal, ela recebeu o valor de R$ 255,01 (duzentos e cinquenta e cinco reais
e um centavo) da Diretoria de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Meio
Ambiente de Piedade.
A Srta. Mariangela lembrou que na ATA 002/2014,
referente à 10ª Reunião Extraordinária, não registramos o voto de parecer
favorável à autorização para instalação da APS Mineração, da Srta. Fabiana da
Silva Soares, representante da Coordenadoria de Meio Ambiente.
Sobre o edital de eleição, os membros optaram por seguir o modelo já
utilizado na eleição anterior, com pequenas alterações, e encaminhá-lo, por
meio de ofício, para que a Coordenadoria de Meio Ambiente possa publicá-lo no
próximo jornal oficial do município. Os candidatos terão 50 dias para se
inscrever e na 43ª reunião ordinária, de 29 de abril de 2014, será promovida a
votação.
Foram nomeadas as pessoas que terão direito a voto de acordo com o
Regimento Interno, ou seja, presentes em, no mínimo 30% das reuniões ordinárias
durante o biênio. São elas:
Srta. Mariangela Cesar Lomanto, AESFA;
Srta. Meirielen C. da Silva, sociedade civil;
Srta. Fernanda Escanhoela de Oliveira, IPC Taipal;
Sr. Eder José de Lima Gonçalves, Sabesp;
Sra.
Daisy M.M.S.Homrich, sociedade civil e,
Sr.
Paulo Sérgio Bonilha Homrich, sociedade civil.
A Srta. Meirielen procedeu à leitura da carta encaminhada pelo Centro de
Estudos e Apoio ao Emprego, Desenvolvimento e Cidadania – CEADEC ao CMMA, onde
explica a história da entidade e sua relação com as cooperativas de catadores
de materiais recicláveis por meio da Rede Solidária Cata-Vida, esclarecendo afirmações
equivocadas proferidas pelo Diretor de Agricultura e Meio Ambiente durante a
última reunião ordinária deste Conselho. (Anexo 002/2014)
Em relação às questões administrativas, na ocasião da emissão do parecer
consultivo favorável à instalação da Mineradora APS, a Sra. presidente cometeu
um equívoco quanto à numeração do documento e o protocolou sem submetê-lo à
revisão dos demais membros. Ao notar a falha, via e-mail, a Srta. Mariangela solicitou
a anulação do parecer consultivo 009/2014. A presidente emitiu, então, um
pedido de cancelamento oficial junto à Coordenadoria, para, em seguida, emitir
novo parecer, de mesmo conteúdo, conforme a ordem numérica correta (001/2014). A
Srta. Mariangela informou também que, segundo o Regimento Interno, ao emitir um
parecer consultivo favorável ou não, a diretoria e os demais membros devem ser
consultados para proceder à redação de forma conjunta, permitindo o embasamento
e justificativa da decisão.Ressaltou também que o correto seria ter criado um
grupo de trabalho específico para tratar deste assunto e repassá-lo à população
antes de oficializar um parecer, como aconteceu no caso amplamente discutido da
Mineradora MSX.
Sobre a análise do Regimento Interno e possíveis alterações, optou-se por
convocar uma reunião extraordinária para discussão específica sobre ele e, se
necessário, proceder às modificações na reunião extraordinária marcada para o
dia 11 de fevereiro de 2014, às 19 horas, no mesmo local das reuniões
ordinárias.
Em seguida, a Srta. Mariangela
procedeu à leitura da denúncia feita pelo Sr. Antonio da Silva Soares Neto Junior,
(Anexo 003/2014) em relação aos imóveis pertencentes à sua família e que estão
sob a administração judiciária, onde é possível observar um estado de abandono,
causando problemas de saúde pública no entorno. O caso vem de longa data e já houve
notificação da Vigilância Sanitária, sem que qualquer medida tenha sido tomada
pelos responsáveis. Logo após, a Srta. Mariangela sugeriu que este Conselho
analisasse as notificações emitidas pelo setor da Vigilância Sanitária, e
emitisse uma carta- resposta à denúncia, relatando se o trabalho de
fiscalização tem sido realizado ou não. A Sra. Maria Consuelo afirmou que no
dia seguinte à 10ª Reunião Extraordinária, enviou a sua equipe aos locais
mencionados e que os mesmos estavam em ordem, não havendo indícios de focos de
dengue. Segundo ela, a equipe da vigilância sanitária é muito rígida e as
condições encontradas não condizem com a denúncia. Sobre a afirmação da Srta.
Mariangela de que há muitos casos na cidade não fiscalizados, a Sra. Maria
Consuelo disse que disponibilizaria todos os documentos pertinentes para
atestar a eficácia do setor. Mencionou também que a imprensa local
publicou informações errôneas sobre a dengue no município. O Sr. Bruno Machado,
jornalista, informou-a que o conteúdo descrito por ela não condizia com o que
foi publicado na Folha de Piedade. A Sra. Maria Consuelo
afirmou, então que, na realidade, não lera o jornal, apenas teria ouvido, de
terceiros, tais informações.E ressaltou que Piedade foi elogiada pela equipe da
Superintendências de Controle de Endemias-SUCEN por não haver indícios de foco
ou vetor da doença.
A Srta. Mariangela apresentou os
moradores dos bairros da região próxima a área pretendida pela mineradora APS,
que compareceram à reunião para obter mais informações sobre o empreendimento.
A Sra. Carla quis mais detalhes sobre o local exato onde moram e trabalham. Os
moradores posicionaram-se contra o empreendimento, alegaram não saber detalhes
do processo e afirmaram que só tiveram conhecimento do fato após veiculação no
jornal local e alerta realizado por pessoas que visitaram o bairro. Segundo
eles, sua reação foi de espanto frente às declarações da Prefeitura de que não
haveria atividades agrícolas no local e de que há moradores favoráveis ao
empreendimento. A Sra. Carla informou que no local, especificamente, não
existem atividades agrícolas, apenas no entorno, o que foi contraposto pelas
informações dos presentes. A Srta.
Sabina, sociedade civil, questionou quais eram os minérios a serem extraídos e
foi esclarecida pelos presentes de que os minérios são argila e carbonatita. A Sra.
Sonia, sociedade civil, questionou sobre o projeto de compensação ambiental a
ser desenvolvido e a Srta. Sabina alertou que as 50 mil árvores prometidas,
segundo os procedimentos da CETESB, podem não serem plantadas em Piedade, o que
não seria interessante para o município. A Sra. Sonia declarou não compreender
os critérios utilizados pelo CMMA para emitir um parecer favorável à mineração
em área de preservação, mesmo com os cerca de 50 empregos prometidos. A Srta.
Meirielen recapitulou os eventos da última reunião extraordinária quando
ocorreu a votação, na qual esteve ausente. A Srta. Mariangela lembrou que, em
situações normais, a presidente, além do voto comum, tem direito ao voto de
desempate. No entanto, uma vez que a mineradora pretende se instalar em vários
terrenos, sendo um deles da família da presidente, o mais sensato, segundo sua
opinião, seria ela abrir mão da presidência da reunião extraordinária,
delegando-a a vice-presidente. A Sra. Carla explicou que a votação baseou-se
nas informações apresentadas ao CMMA nos últimos meses e que o posicionamento
da municipalidade ainda depende de um parecer jurídico. O Sr. Alberto,
representante da Diretoria de Agricultura, informou aos presentes que participou
das reuniões, analisou o caso e optou pela postura favorável, pois não acredita
que ela acarretará danos à agricultura piedadense. A Sra. Patrícia, sociedade
civil, disse que a população local não quer a mineradora e que os moradores e
estudantes estão buscando assinaturas para compor um abaixo-assinado e
estudando o caso. A Srta. Mariangela mencionou a falta da criação de um grupo
de trabalho para debater o caso, como permite o regimento interno do CMMA, ao
que a presidente respondeu que o grupo poderia ter sido criado ou exigido, a
qualquer momento, por qualquer membro do Conselho. A Srta.
Mariangela alegou que realizou tal solicitação, sem, contudo, ser ouvida.
O Sr. Paulo Homrich questionou a Sra.
Patrícia, perguntando de que forma a instalação da mineradora afetaria o
trabalho dela. Segundo ela, sua família foi alertada de que a atividade poderia
causar danos à lavoura, poluir o rio, ao que o Sr. Paulo respondeu que não
devem dar ouvidos a pessoas que não são técnicos, e que a divulgação desse tipo
de informação pode ser chamada de terrorismo. Segundo ele, ainda, na década de
80 a região do Rio Sarapuí era completamente diferente, e a degradação hoje
observada deve-se à forma como a agricultura vem sendo desenvolvida no local.
A Srta. Meirelen esclareceu que as explanações realizadas aos moradores
quando da visita aos bairros foi tão somente no sentido de alertá-los sobre as
declarações da Prefeitura de que não haveria agricultura no local e de que os
moradores seriam favoráveis ao empreendimento. Como os moradores disseram estranhar tais informações, lhes foi sugerido que
buscassem questionar a administração municipal sobre o caso, posicionando-se,
uma vez que a cópia do processo está em seu poder. Os moradores presentes
confirmaram o relato.
A Srta. Sabina, após rápida análise do caso, afirmou que acha difícil
que a CETESB libere a exploração mineral de áreas próximas ao rio. A Srta.
Meirielen respondeu que a área, inicialmente reduzida, pode ser expandida, ao
longo do tempo, por um processo de licenciamento simplificado. A Srta Meirielen
esclareceu que antes da recente alteração do zoneamento municipal, eram permitidos
os usos perigosos (dentre os quais, em seu entendimento e no das pessoas que
ajudaram a construir a lei, enquadram-se as mineradoras que atuam por explosões
ou movimentação de grandes quantidades de solo). No entanto, hoje, não
permite-se no local, usos perigosos como “pedreiras e congêneres”. O
empreendimento em questão estaria perfeitamente incluído em “congêneres” e
bastaria uma negativa e uma justificativa da administração municipal para
encerrar o caso. Isso porque as zonas de conservação de mananciais foram
criadas para assegurar que empreendimentos potencialmente nocivos ao
ecossistema não pudessem se instalar nas áreas estratégicas do ponto de vista
ambiental e de abastecimento do município. Disse ainda que, no caso do
município entender que a Mineradora APS não está
enquadrada em “congêneres”, terá de repetir esse entendimento para todas as
outras mineradoras que possam querer se instalar nessas zonas, o que seria
imensamente perigoso para os mananciais de Piedade. O Sr. Alberto disse desconhecer
outras mineradoras que possam ter interesse na região, ao que a Srta. Meirielen
informou que todos os processos do Brasil estão disponíveis no site do
Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM.
Em meio às discussões, a Sra. presidente disse ser necessário procurar
técnicos capacitados para emitir a análises e informar melhor o Conselho e a população
mas não
obteve apoio dos demais membros. O Sr. Adilson, sociedade
civil, disse que se ninguém fosse alertar os
moradores, sequer saberiam do caso, e questionou a atuação do CMMA no sentido
de emitir um parecer sem ouvir a população local. A presidente reiterou que as
reuniões do CMMA são abertas à participação de qualquer cidadão e que o que
falta é interesse e participação popular,
tanto nas reuniões dos Conselhos quanto nas sessões da Câmara. As Srtas.
Meirielen e Mariangela concordaram que o CMMA falhou em garantir a ampla
divulgação das informações referentes à mineradora, pois, apesar das atas
estarem disponíveis no blog e de ocorrer ampla divulgação nas redes sociais,
falta uma estratégia para divulgação na zona rural. A Srta. Mariangela lembrou
que na lei de criação do Conselho há menção à utilização do Jornal Oficial do
Município para tal e a presidente disse que providenciará tal divulgação.
Os moradores e conselheiros pediram encarecidamente que falhas de
comunicação entre os funcionários da prefeitura sobre a responsabilidade em
abrir a sala do Pregão não voltem a acontecer, pois causaram desencontros e
atrasos na reunião de hoje.
O estudante
Lucas disse ao Sr. Paulo que eles não são manipulados nem desinformados, como
entendeu que quis dizer o Sr. Paulo, quando esse alertou que o Vereador
Geraldinho esteve no local falando com
os moradores e recolhendo assinaturas para um abaixo-assinado e postou na rede
social Facebook informações e foto que não correspondem à realidade nem ao
local pretendido pela mineradora..O
estudante apresentou um trabalho
bibliográfico e estão estudando o assunto junto a escola para buscar
informações sobre os danos possíveis com a mineração e apresentou, à
presidente, um trabalho feito pelos alunos sobre mineração. A Sra. Daisy
apreciou o trabalho mas observou que o
caso estudado referia-se a mineradoras que utilizavam explosivos, que não era o
caso da Mineradora APS..O Sr.
Mario, sociedade civil, perguntou quem seriam as
pessoas que vão até a região abrir buracos no solo e foi informado de que são
os responsáveis pelos estudos de viabilidade do empreendimento minerário. A Sra.
Patricia disse que existem outras preocupações além da questão da mineradora e
relatou também o grande volume de resíduos sólidos e móveis descartados em
estradas na região. O fato foi confirmado pelo Sr. Paulo e Sra. Daisy, que
alegaram já ter denunciado o caso a todas as instituições e instâncias
possíveis, sem que nenhuma providência tivesse sido tomada. A Sra. Carla
afirmou que a prefeitura ainda está analisando o caso da mineradora e que irá
ouvir vários órgãos, e que, se o parecer for favorável, nada impede o município
de fiscalizar a área. A Srta. Meirielen informou que, uma vez que o município
abre mão da sua lei de zoneamento, abre mão também de opinar sobre o caso
perante a CETESB, órgão estadual que dificilmente impedirá o empreendimento. A
Srta. Sabina lembrou que os moradores podem ter acesso aos documentos do
processo da mineradora na Casa da Agricultura e que podem pedir cópia, mas
mediante pagamento, como observado pela Srta. Mariangela.
A Srta. Sabina disse que, uma vez emitido, o parecer do CMMA não poderia
ser revogado. A Srta. Meirielen informou que ele pode ser revogado se a
plenária assim o desejar. A Srta. Mariangela disse também que no parecer não
constam justificativas sobre a posição do Conselho, o que é exigido pelo
Regimento Interno. A Srta. Meirielen argumentou que, se o Conselho representa a
voz da população e a população mostra-se contrária ao empreendimento, que não
houve ampla divulgação das discussões e que foi o próprio Conselho que
organizou o debate sobre a criação da Zona de Conservação de Mananciais, o mais
correto seria pedir a suspensão do parecer, até que fosse realizada uma
audiência pública, conforme sugestão da Srta. Sabina. Assim, após breve
discussão, iniciou-se a votação por manter ou suspender o parecer emitido pelo
CMMA, onde ele posiciona-se favoravelmente ao empreendimento da APS Mineração.
Os votos foram os seguintes:
- Manter o parecer favorável:
Sra. Daisy, sociedade civil;
Sra. Carla, diretora de Obras e Serviços Públicos - Prefeitura;
Sra. Maria Consuelo, representante da Diretoria de Saúde - Prefeitura;
Sr. Alberto, representante da Diretoria de Agricultura, Abastecimento e
Meio Ambiente - Prefeitura.
- Suspender o parecer:
Srta. Meirielen, sociedade civil;
Srta. Mariangela, representante da AESFA;
Sr. Eder, representante da Sabesp.
Estiveram ausentes a Srta. Fabiana, representante da Coordenadoria de
Meio Ambiente, e sua suplente e a Srta. Fernanda, representante da Taipal, e
sua suplente. Assim, foi mantido o parecer consultivo favorável ao
empreendimento.
A Srta. Sabina comprometeu-se em acompanhar os moradores durante
conversa com a prefeita durante o próximo atendimento ao público, na
quinta-feira.
A
presidente, Sra. Daisy, enviará um ofício do CMMA à Prefeita pedindo a promoção
de uma audiência pública relativa a instalação da mineradora em questão.
Nada
mais a ser tratado, encerrou-se a reunião, registrada em ata, lavrada e
secretariada por mim, Mariangela Cesar Lomanto, 1ª Secretária do Conselho
Municipal de Meio Ambiente de Piedade, que lida e achada conforme, segue-se
assinada pelos presentes.
Daisy M.M.S.Homrich Meirielen C. da Silva
Presidente Vice-presidente
Mariangela Cesar Lomanto
Nenhum comentário:
Postar um comentário